terça-feira, 26 de abril de 2011

E se tivesse sido diferente?

"Quem leu o perturbardor Precisamos Falar Sobre Kevin, sabe que sua autora, Lionel Shriver, é craque em esmiuçar as razões psicológicas que motivam todos os nossos atos, mesmo os mais tolos, e em demonstrar o quanto esses atos geram consequências previsíveis e imprevisíveis. Em seu novo livro, O Mundo Pós-Aniversário, ela conta a história de Irina, uma mulher instalada num sólido casamento de 10 anos, que um dia sente um incontrolável desejo de beijar outro homem. Pra complicar, esse homem é um amigo do casal. A partir daí, a autora desmembra o livro em duas histórias que correm paralelas: a vida de Irina caso consumasse seu impulso erótico, e a vida de Irina caso reprimisse seu desejo.

A autora poderia ter se contentado em escrever sobre o poder transformador de um primeiro beijo em alguém, mas foi mais inteligente e abordou também o poder transformador de mantermos tudo como está. É comum pensarmos que, ao ficarmos parados no mesmo lugar, sem agir, sem mudar nada, estamos assegurando um destino tranquilo. Engessados na mesma situação, é como se estivéssemos protegidos de qualquer possível ebulição que nos inquiete. Sssshh. Quietos. Ninguém se mexe pra não acordar o demônio.

Não deixa de ser uma estratégia, mas falta combinar com o resto da população. As pessoas que nos cercam sempre interferirão no nosso destino. Se dermos uma guinada brusca ou permanecermos na rotina, tanto faz: o mundo se encarregará de trocar as peças de lugar nesse imenso tabuleiro chamado dia-a-dia.

Ao fazer algo socialmente condenável (como ser casada e dar um beijo em outro homem, pra dar o exemplo do livro), tudo poderá acontecer - inclusive nada. Você poderá se apaixonar, abandonar seu marido e viver uma tórrida história de amor, e essa história de amor se revelar uma furada e você se arrepender, e tentar reatar com seu marido que a essa altura já estará apaixonado pela vizinha. Ou você beijará e em vez de iniciar um romance tórrido, voltará pra casa bocejando e nada, nadinha será alterado. Foi só uma pequena estupidez momentânea e sem consequências. Mas das consequências de continuar viva você não escapa.

Esse 2010 promete ser bom: ano do tigre no horóscopo chinês, ano de Vênus no horóscopo ocidental. Quem entende do assunto, diz que teremos um aquecimento global do tipo que ninguém tem nada contra. Emoções calientes. Mas adianta fazer planos? Seja qual for o caminho que optarmos seguir, haverá altos e baixos. E isso é tudo. Se fizermos uma auditoria em nossas vidas, em algum momento questionaremos: “e se eu tivesse feito diferente?”. O diferente teria sido melhor e teria sido pior. Então o jeito é curtir nossas escolhas e abandoná-las quando for preciso, mexer e remexer na nossa trajetória, alegrar-se e sofrer, acreditar e descrer, que lá adiante tudo se justificará, tudo dará certo. Algumas vidas até podem ser tristes, outras são desperdiçadas, mas, num sentido mais absoluto, não existe vida errada."


Martha Medeiros




Sempre ela...
Agora, Sssshh. Quietos. Ninguém se mexe pra não acordar o demônio.
;)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Fragmentos...

"Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais - por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia – qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.Eu prefiro viver a ilusão do quase, quando estou "quase" certa que desistindo naquele momento vou levar comigo uma coisa bonita. Quando eu "quase" tenho certeza que insistir naquilo vai me fazer sofrer, que insistir em algo ou alguém pode não terminar da melhor maneira, que pode não ser do jeito que eu queria que fosse, eu jogo tudo pro alto, sem arrependimentos futuros! Eu prefiro viver com a incerteza de poder ter dado certo, que com a certeza de ter acabado em dor. Talvez loucura, medo, eu diria covardia, loucura quem sabe!”
Caio Fernando Abreu



Eu tinha jurado pra mim que não ia mais postar nada relacionado ao amor e essas baboseiras chatas que nós mulheres insistimos em explicar e os homens teimam em não entender. he he he
Até me deparar com os fragmentos do Caio Fernando Abreu... Ai ai

Sabe o que mais me surpreende nisso tudo? É ler essas coisas e saber que outras pessoas completamente "desconhecidas" e certamente diferentes de mim, passaram pelas mesmas situações, e viveram os mesmos conflitos e medos...

Me sinto tão mais "humana" por isso!!!

Pode até parecer medíocre eu sei, porém saber que outros estiveram no mesmo barco, é sim algo que te deixa mais "tranquila", aliás, tranquila não seria a palavra, nem em paz. Talvez, uma palavra que se encaixe melhor, seja confortável...
Não, não é um sentimento egoísta, do tipo sentir tranquilidade com a angústia alheia, é mais um sentimento de não estar só nesse turbilhão de emoções que a vida nos impõe.

Aliás, acho sinceramente que essa é a grande função dos poetas nas nossas vidas... nos colocar de uma certa forma num tipo de "zona de conforto", quando nos mostram que não fomos e não seremos os únicos a viver esse tipo de conflito e que tudo isso, faz parte dessa grande aventura chamada VIDA...

Salvem os poetas!!!



"...melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia – qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê."

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Tudo depende de como você vê as coisas...

(...) mesmo que algo tenha doído, ainda assim, eu falaria do amor de uma maneira cheia de gratidão."

"Dependendo da perda, vc pode ser a pessoa mais triste do mundo ou vc pode ser a pessoa mais feliz do mundo...isso acontece quando vc descobre que não perdeu nada, só se livrou de algo..."

(Marla de Queiroz)


O título do livro do Norton Juster, somado aos pensamentos da "Maralavilhosa" Marla de Queiroz, nos mostram, que tudo que passamos na vida realmente depende de como vemos as coisas.
Uma situação que pode ser ideal para alguns, de repente, para outros é o fim do mundo e até mesmo para você, aquilo que você mais temia acontecer e que parecia que lhe tiraria o chão, talvez seja a chance de um recomeço, pois "tudo depende de como você vê as coisas".
Assim seguimos: Caindo, levantando, aprendendo, errando novamente, reaprendendo, amadurecendo... sempre lembrando de colher experiências positivas de tudo o que foi vivido, sem NUNCA ter medo de ousar experimentar...


“mas não é só aprender que é importante. O que importa é aprender o que fazer com o que você aprendeu e compreender por que deve aprender coisas”
(...)
“E lembre-se também,(...), que muitos lugares que você gostaria de visitar estão fora dos mapas, assim como muitas coisas que você deseja saber estão um pouquinho além do seu raio de visão ou ligeiramente fora do seu alcance. Mas algum dia você poderá chegar a todas elas, pois aquilo que aprende hoje sem nenhum motivo aparente irá ajudá-lo a descobrir todos os maravilhosos segredos de amanhã”
(Norton Juster)



Essa a mensagem que gostaria de deixar hoje...


Fiquem na paz!!!



Andréa Maçãzinha

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O tamanho das pessoas...

Variam conforme o grau de envolvimento...

Uma pessoa é enorme para você, quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado.

É pequena para você quando só pensa em si mesma, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas:

A amizade,
O respeito,
O carinho,
O zelo,
E até mesmo o amor.

Uma pessoa é gigante para você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto com você. E pequena quando desvia do assunto.

Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma.

Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.

Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas.

Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande.

Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.

É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações.

Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma.

O egoísmo unifica os insignificantes. Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande...
...é a sua sensibilidade, sem tamanho...


William Shakespeare