sábado, 15 de maio de 2010

Saudades...

"Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...

Sinto saudades da minha infância,
do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...

Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado
e apostando no futuro...

Sinto saudades do futuro,
que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e nem apareceu;
de quem apareceu correndo,
sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!

Daqueles que não tiveram
como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre!

Sinto saudades de coisas que tive
e de outras que não tive
mas quis muito ter!

Sinto saudades de coisas
que nem sei se existiram.

Sinto saudades de coisas sérias,
de coisas hilariantes,
de casos, de experiências...

Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia
e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!

Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!

Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,

Sinto saudades das coisas que vivi
e das que deixei passar,
sem curtir na totalidade.

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...
não sei onde...
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades
Em japonês, em russo,
em italiano, em inglês...
mas que minha saudade,
por eu ter nascido no Brasil,
só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
espontaneamente quando
estamos desesperados...
para contar dinheiro... fazer amor...
declarar sentimentos fortes...
seja lá em que lugar do mundo estejamos.

Eu acredito que um simples
"I miss you"
ou seja lá
como possamos traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima corretamente
a imensa falta
que sentimos de coisas
ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito
o que tivemos
e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência..."

Clarice Lispector

You oughta know...




"You Oughta Know
I want you to know
That I'm happy for you
I wish nothing but
The best for you both


An older version of me
Is she perverted like me?
Would she go down on you in a theater?
Does she speak eloquently?
And would she have your baby?
I'm sure she'd make a really excellent mother


'Cause the love that you gave, that we made
Wasn't able to make it enough
For you to be open wide, no
And every time you speak her name
Does she know how you told me you'd hold me
Until you died? 'Til you died?
But you're still alive


And I'm here to remind you
Of the mess you left when you went away
It's not fair to deny me
Of the cross I bear that you gave to me
You, you, you oughta know


You seem very well
Things look peaceful
I'm not quite as well
I thought you should know


Did you forget about me, Mr. Duplicity?
I hate to bug you in the middle of dinner
But it was a slap in the face
How quickly I was replaced
And are you thinking of me when you fuck her?

'Cause the love that you gave, that we made
Wasn't able to make it enough
For you to be open wide, no
And every time you speak her name
Does she know how you told me you'd hold me
Until you died? 'Til you died?
But you're still alive


And I'm here to remind you
Of the mess you left when you went away
It's not fair to deny me
Of the cross I bear that you gave to me
You, you, you oughta know


'Cause the joke that you laid in the bed
That was me, and I'm not going to fade as soon
As you close your eyes, and you know it
And everytime I scratch my nails
Down someone else's back, I hope you feel it
Well, can you feel it?


Well, I'm here to remind you
Of the mess you left when you went away
It's not fair to deny me
Of the cross I bear that you gave to me
You, you, you oughta know


I'm here to remind you
Of the mess you left when you went away
It's not fair to deny me
Of the cross I bear that you gave to me
You, you, you oughta know..."

Portishead - Glory Box (Live at Roseland NYC)





"I'm so tired of playing
Playing with this bow and arrow
Gonna give my heart away
Leave it to the other girls to play

For I've been a tempteress too long

Yes
Give me a reason to love you
Give me a reason to be... a woman
I just wanna be a woman..."

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Das coisas que eu sei...

"Não quero mais ser apenas a mulher fatal, aquela que desatina juízos, desarruma os lençóis e transforma a tua vida num redemoinho doce.

Quero ser também a tranqüilidade das tardes sonolentas depois do almoço, a fluidez das horas ociosas.
Quero ser canto, colo, aconchego, rotina e abrigo de paredes concretas. E uma ponte para o exterior quando a madrugada inquieta...
Quero permanecer mais do que estar, sem me preocupar pra que direção o vento levará teus desassossegos.

Mas, deste caminho que te apresento, faço do convite esta certeza de mãos dadas só no início...
Pois há algo que mesmo quem teme , ignora: é possível que a estrada seja engolida: pelas águas, pelo cansaço, pelo desperdício das horas, pelos indícios.

Não acredito mais na idéia de amor romântico, por isso, perdoa se te transformei no homem da minha vida, eu deveria ter deixado que você se tornasse por mérito próprio.

E se percebo que não há garantias é porque nunca as tive: nem nas ausências, nem durante a mais intensa companhia.
E destes gritos que abrangem um mar inteiro numa breve manhã ou numa tarde sem carícias, me desvencilho.

Quero saber que você existe, que já esteve em mim e comigo, mas que é tão livre para ser quanto eu sou.
E que esteja e seja matéria ou substância etérea sem me machucar com tua existência sólida.
Não quero que nada sobre você me pese nos dias e nem que a saudade me faça acordar com o olhar mais triste que já tive.
Quero saber-te pleno e estar feliz por isto, seja lá qual for o motivo. Quero saber-me plena e casada com o amor, mesmo que você já não seja mais o foco.

Há muito alvoroço de mar em mim, deixa que eu viva e escreva por esta Natureza.(Nasci explícita para que ningúem me guarde num segredo.)

Sou permanência e transitoriedade.
Sou reminiscência e novidade.
E sei e sinto e vejo mais do que gostaria.
E, se isto me orienta, também me angustia.
Você sabe, às vezes me falta destreza.
E para que não seja sempre assim tão ácido,

Não sejamos nós,
Antes, sejamos laços:
Desses que se atam e desatam com delicadeza."



Marla de Queiroz


Quero permanecer mais do que estar...

COR-RENTE-TESA ...

"Ele está em mim
No que sei e no que desconheço
Na palavra que amo, na poesia que esqueço
Num desvario de planos
Num poeminho que teço
Ele está em mim
no que sigo,
no que sou,
no que digo
e onde vou.

Ele está em mim
No que calo e no que faço
Na tarde vazia, na noite que abraço
Na sucessão de enganos
E na certeza de aço
Ele está em mim
no que consigo
no que desisto
no que recrio
no que insisto.

Ele está em mim
Na melodia que ouço
Na ventania que ouso
Num esmiuçar de sonhos
Quando vôo e quando pouso.
Ele está em mim
Com violência e delicadeza
Com paciência e aspereza

Ele está comigo

Na insistência de um mergulho na beleza

mesmo quando sei:

Perigo, correnteza!"


Marla de Queiroz

Los Hermanos - Deixa Estar





E que nós dois, estamos juntos na distância
Discrepância do destino!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Relações virtuais...

"Fui absolutamente rendida pelo poder das relações virtuais. Acredito que é possível conhecer alguém por e-mail, se apaixonar por e-mail, odiar por e-mail, tudo isso sem jamais ter visto a pessoa.
As palavras escritas no computador podem muito. Mas nem sempre enxergam a verdade.

São sete horas de uma manhã chuvosa. Você não dormiu bem à noite. Põe pra tocar um som instrumental que deixa suas emoções à flor da pele. Vai para o computador e começa a escrever para alguém especial as coisas mais íntimas que lhe passam no coração. Chora. Escreve. Olha para a chuva. Escreve mais um pouco. Envia.

São onze horas da noite deste mesmo dia. O destinatário da sua mensagem está dando uma festa. Todo mundo fala alto, ri muito, rola a maior sonzeira. Ele pega uma cerveja e dá uma escapada até o computador. Abre o correio. Está lá a mensagem. Um texto longo que ele lê com pressa. Destaca algumas palavras: "a saudade é tanta... sozinha demais... dividir o que sinto..." Papo brabo. Responderá amanhã. Deleta.

Alguém pode escrever com raiva, escrever com dor, escrever com ironia, escrever com dificuldade, escrever debochando, escrever apressado, escrever na obrigação, escrever com segundas intenções. Nada disso chegará no outro lado da tela: a pressa, a hesitação, a tristeza. As palavras chegarão desacompanhadas.
Será preciso confiar no talento do remetente em passar emoção junto de cada frase. Como pouquíssimas pessoas têm esse dom, uma mensagem sensível poderá ser confundida com secura, tudo porque faltou um par de olhos, faltou um tom de voz.


Se você passou a desprezar alguém, pode escrever "não quero mais te ver". Se você ama muito alguém, mas a falta de sintonia lhe vem machucando, pode escrever "não quero mais te ver".

Uma mesma frase e duas mensagens diferentes.

Palavras são apenas resumos dos nossos sentimentos profundos, sentimentos que para serem explanados precisam mais do que um sujeito, um verbo e um predicado. Precisam de toque, visão, audição.
Amor virtual é legal, mas o teclado ainda não dá conta de certas sutilezas.
"

Martha Medeiros

Amores apertados...

"Sabe aqueles banheiros mínimos, que quando um entra o outro tem que sair? Tem amores que parecem um banheiro apertado: só cabe um.

Ela ama o cara. Interessa-se pela sua vida, seu trabalho, seus estudos, seu esporte, seus amigos, sua família, enfim, ela está inteira na dele.

Ele, por sua vez, recebe isso de muito bom grado mas não retribui.
Não pergunta pelo trabalho dela, pelas angústias dela, por nada que lhe diga respeito.

Ela, obviamente, não gosta desta situação, mas vai levando, levando, levando, até que um belo dia sua paciência se esgota e ela tira o time de campo. Aí ele entra.

De repente, como num passe de mágica, ele se dá conta de como ela é legal, de como ele tem sido distante, de como vai ser duro ficar sem a sua menina.
Então ele a torpedeia com e-mails e telefonemas carinhosos.
Mas ela é gata escaldada, não vai entrar nessa de novo.
Ele insiste. Quer vê-la, quer que ela entenda que ele é desse jeito tosco mesmo, mas que no fundo ela é a mulher da vida dele.
Ela é gata escaldada mas não é de gelo: então tá, vamos tentar de novo.
Ela entra com tudo.

Com a namorada resgatada, ele se isola novamente em seu próprio mundo, deixando-a conduzir tudo sozinha.
É ela quem o procura, é ela que o elogia, é ela que arma os programas, é ela que lembra das datas, é ela, tudo ela, só ela.
Quer saber: tô fora!

Aí ele entra. Pô, gata, prometo, juro, ó: vou cobrir você de carinho.
E não é que ele cumpre?
Passa a tratá-la como uma deusa, superatencioso, parece outro homem.
Ela aceita a deferência, mas não entra mais nesse jogo. Simplesmente não retribui o afeto dele, quase nunca telefona, sai com as amigas toda hora, e ele ali, no maior esforço.

Ela esnobando, ele tentando, ela se fazendo, ele se declarando. Até que ele enche: tô fora.
Aí ela entra. E ele esfria, e ela cai fora, e ele volta, e seguem neste entra-e-sai até o desgaste total.

Bom mesmo é amor em que cabem os dois juntos."

Martha Medeiros

Green Day - Boulevard Of Broken Dreams



Essa é uma música que fala muito de mim...
Aproveitando o gancho da vinda deles, posto aqui no blog.

Livro do desassossego...

"A solidão desola-me; a companhia oprime-me. A presença de outra pessoa desencaminha-me os pensamentos; sonho a sua presença com uma distracção especial, que toda a minha atenção analítica não consegue definir.
(...) Correr riscos reais, além de me apavorar, não é por medo que eu sinta excessivamente - perturba-me a perfeita atenção às minhas sensações, o que me incomoda e despersonaliza.
(...) E não sei o que sinto, não sei o que quero sentir, não sei o que penso nem o que sou.
(...) Não há sossego - e, ai de mim!, nem sequer há desejo de o ter."

Fernando Pessoa - Livro do desassossego

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Visita clandestina...

"Eu passeio por tua estrada quando você não está, porque não quero mais vê-lo ou tocá-lo.

Eu passeio por tua casa quando você não está, mas não vasculho tuas gavetas, teus segredos, a intimidade repousada no silêncio dos teus bolsos, dos armários: contemplo os móveis, os livros, os discos e tudo o que está exposto__só quero a experiência.

Eu passeio por tuas coisas quando você não está, pra aprender com tua casa, tua estrada e o teu mundo a suportar a tua ausência.


Marla de Queiroz

Sobre a renúncia...

"Renunciar a algo que amamos muito e que desejamos com toda a força do coração é uma das decisões mais cruéis de se tomar que conheço.
Porque a perda equivale a uma morte dupla: morrer para alguém e matar a pessoa na gente.

É como se sobrasse por dentro apenas um casarão vazio com um jardim morto. E, de repente, tudo tão subitamente anoitecido sem previsões de dia novo.

É um caminhar lento e arrastado numa espera sombria de que as horas passem e o tempo leve essa febre alta sem medicação possível.

É preciso que haja tanta paciência e firmeza por dentro pra não entrar em desespero, que a sensação que se tem é de estar meio fora do ar, com tanto esforço. E até chorar fica difícil, teme-se que nunca mais o choro cesse.

Há muitas perdas quando se termina algo que não se queria ter terminado: muda-se a auto-imagem, alegrias ficam suspensas, sonhos desaparecem por um tempo e nenhuma cor na paisagem. O cotidiano fica obscurecido por aquela lacuna aberta no meio do que era a parte mais interessante dos dias.

Com o tempo, você analisa que abrir mão de algo muito importante, só se faz quando se tem um motivo maior que esse algo: seja um propósito, uma crença, um valor íntimo, uma obstinação qualquer que te oriente para essa escolha que já se sabia tão dolorosa.

É um sacrifico voluntário por algo mais pleno, mais grandioso em Beleza. E, nestas análises, você descobre outras perdas que são positivas: perde-se também a ansiedade, a insegurança e a ilusão. E você aprende a recomeçar agradecendo por vitórias tão pequenininhas...

Como quando é noite e antes de dormir você se enche de gratidão:
“Deus, obrigada, porque é noite e eu tenho o sono... Que venha um sonho novo, então.”

Marla de Queiroz

Minha melhor companhia...

Ele não sabe mais nada sobre mim.

Não sabe que o aperto no meu peito diminuiu, que meu cabelo cresceu, que os meus olhos estão menos melancólicos, mas que tenho estado quieta, calada, concentrada numa vida prática e sem aquela necessidade toda de ser amada.

Ele não sabe quantos livros puder ler em algumas semanas.

Não sabe quais são meus novos assuntos nem os filmes favoritos.

Ele não sabe que a cada dia eu penso menos nele, mas que conservo alguma curiosidade em saber se o seu coração está mais tranqüilo, se seu cabelo mudou, se o seu olhar continua inquieto.

Ele nem imagina quanta coisa pude planejar durante esses dias todos e como me isolei pra tentar organizar todos os meus projetos.Ele não sabe quantos amigos desapareceram desde que me desvencilhei da minha vida social intensa.

Que tenho sentido mais sono e ainda assim, dormido pouco.
Que tenho escrito mais no meu caderno de sonhos.
Que aqui faz tanto frio, ele não sabe por mim.

Ele não sabe que eu nunca mais me atentei pra saudade.

Que simplesmente deixei de pensar em tudo que me parecia instável.
Que aprendi a não sobrecarregar meu coração, este órgão tão nobre.

Ele não sabe que eu entendi que se eu resolver a minha dor, ainda assim, poderei criar através da dor alheia sem precisar sofrer junto pra conceber um poema de cura.

Hoje foi um dia em que percebi quanta coisa em mim mudou e ele não sabe sobre nada disso.

Ele não sabe que tenho estado tão só sem a devastadora sensação de me sentir sozinha.

Ele não sabe que desde que não compartilhamos mais nada sobre nós, eu tive que me tornar minha melhor companhia: ele nem imagina que foi ele quem me ensinou esta alegria.

Marla de Queiroz

sábado, 1 de maio de 2010

Boneca de pano...

“Filha única? Deve ter sido muito mimada...”.
“Bonequinha de porcelana do papai e da mamãe”

Hoje eu li um texto da Clarice Lispector que falava exatamente sobre isso.
A partir daí, foi que senti vontade de fazer esse texto.
E o que isso tem a ver com o título?!?
Bem, se existe uma coisa que eu descobri a meu respeito, é que nem de longe eu sou de porcelana...
Descobri com os últimos acontecimentos da minha vida, sendo este último o pior possível, que com todas essas feridas e cicatrizes que possuo hoje, estou mais para boneca de pano. A boneca que é rasgada, costurada, puída e às vezes até sem mais condição de uso, mas permanece ali, no seu papel de boneca de pano.

Faltam quatro dias para completar um mês da sua partida e eu refleti muito sobre isso que li e percebi que não vou te trazer de volta mesmo que tivesse que dar minha vida por isso e o Sr. sabe ou soube, nem sei como me referir ao Sr. hoje, que faria isso sem pensar duas vezes! Mas não posso...
Porém, recomeçar é preciso!
Existem pessoas ao meu redor que estão sofrendo junto comigo.
Familiares, amigos e até desconhecidos fazendo de tudo para me levantar e fazer enxergar alguma luz no fim desse buraco negro que se abriu dentro de mim...
Confesso que não vejo nada na minha frente. Mas, recomeçar é preciso...

Acho que é exatamente nessas horas que a expressão “PAPAI MUNDO VAI ENSINAR”, se torna real.
Nós, “as bonecas de porcelana”, tomamos ciência de que a realidade é completamente diferente...
Não temos controle sobre absolutamente NADA, nem sobre a nossa própria vida!
Como autêntica suicida que sou não vou mentir dizendo que estou animada, ou estou voltando pra vida! Muito pelo contrário!
Quero deixar claro que não é por opção esse recomeço e sim por falta de...

Estarei eternamente de luto meu pai! ETERNAMENTE...
Embora o Sr. não gostasse de ouvir isso, eu nunca disse que seria diferente do que tem sido.
Eu sabia que seria assim!
Nossa ligação era absurda, compatibilidade total e afinidade ímpar nos fazia muito mais do que PAI e FILHA...
Nós éramos incríveis juntos!
Mas, recomeçar é preciso...

Por este amor que sinto pelo Sr. e por todas as nossas conversas é que vou seguir deixando claro, que minha vida NUNCA mais será completa e muito menos sentirei felicidade absoluta!
Jamais te esquecerei... JAMAIS!!!

Vou seguir meu caminho na certeza de que um dia irei te reencontrar novamente...
Pois se preciso de uma motivação, aí está!

Com o mesmo amor INCONDICIONAL de sempre,

Sua única filha, mimada e muito amada!


“Ela, na sua magnífica força e coragem,
aprendeu a ser livre;
a gritar quando tem vontade,
a chorar quando precisar chorar
e a sorrir mesmo quando a situação não permitir sorrir.

E, perante os olhos intimadores dos
homens e de tamanha curiosidade,
ela levantou a cabeça e mostrou
que não era uma boneca de porcelana,
mas que podia ser quebrada várias vezes
e que sempre conseguia se juntar
sem perder nenhum dos pedaços.”

(Clarice Lispector)