quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Periférico...*

(...)

"Eu nunca aceitei a simplicidade do sentimento. Eu sempre quis entender de onde vinha tanta loucura, tanta emoção. Eu nunca respeitei sua banalidade, nunca entendi como pude ser tão escrava de uma vida que não me dizia nada, não me aquietava em nada, não me preenchia, não me planejava, não me findava.

Nós éramos sem começo, sem meio, sem fim, sem solução, sem motivo.

...Não sinto saudades do seu amor, ele nunca existiu, nem sei que cara ele teria, nem sei que cheiro ele teria. Não existiu morte para o que nunca nasceu....

....Sinto falta da perdição involuntária que era congelar na sua presença tão insignificante. Era a vida se mostrando mais poderosa do que eu e minhas listas de certo e errado. Era a natureza me provando ser mais óbvia do que todas as minhas crenças. Eu não mandava no que sentia por você, eu não aceitava, não queria e, ainda assim, era inundada diariamente por uma vida trezentas vezes maior que a minha. Eu te amava por causa da vida e não por minha causa. E isso era lindo. Você era lindo.
Simplesmente isso. Você, a pessoa que eu ainda vejo passando no corredor e me levando embora, responsável por todas as minhas manhãs sem esperança, noites sem aconchego, tardes sem beleza....

....sinto falta de quando a imensa distância ainda me deixava te ver do outro lado da rua, passando apressado com seus ombros perfeitos. Sinto falta de lembrar que você me via tanto, que preferia fazer que não via nada. Sinta falta da sua tristeza, disfarçada em arrogância, em não dar conta, em não ter nem amor, nem vida, nem saco, nem músculos, nem medo, nem alma suficientes para me reter.

Prometi não tentar entender e apenas sentir, sentir mais uma vez, sentir apenas a falta de lamber suas coxas, a pele lisa, o joelho, a nuca, o umbigo, a virilha, as sujeiras. Sinto falta do mistério que era amar a última pessoa do mundo que eu amaria."

Tati Bernardi

* O texto completo você encontra em www.tatibernardi.com.br, arquivo 2006.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá amiga!

Uau, é tanta dor que quase senti em mim!
A vida é assim, no começo são flores e no fim dores. Mas é preciso pensar que o melhor remédio é o TEMPO, essa dor passa e depois fica até difícil entender porque se sofreu tanto.

abçs
Nice

Andréa_Maçãzinha.com disse...

Você leu todo texto no blog dela? Estou apaixonada por esta menina. No melhor estilo Martha Medeiros porém mais "descolada". Gosto das duas igualmente!!!

Com relação ao tempo, acabei de ler no Twitter uma frase perfeita sobre essa questão.
Diz o seguinte: "O tempo atenua a dor mas aumenta a perda"
(Artur da Távola)

Já a Martha medeiros diz o seguinte:

"O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções." - Martha Medeiros

Eu já acho que o TEMPO é totalmente impotente perto de qualquer sentimento forte e verdadeiro, o que na verdade acaba faz essa dor passar é o sofrimento...
O TEMPO é um paleativo, um auxiliador. Na verdade, ele vai anestesiando...

Gde bj